Àguia de Bonelli:
Nome: Águia de Bonelli, Águia-perdigueira Hieraaetus fasciatus
Nomes regionais: Águia-caçadeira, Caçadeira, PardinhaFamília: Accipitridae.
Espécie: Hieraaetus fasciatus
Estatuto de Conservação
Europeu: Em perigo.Nacional (Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (SNPRCN 1990): Rara.
Espanha: Rara.
SPEC: 3 (Espécie com estatuto de conservação desfavorável, não concentrada na Europa).
Protecção legal:
Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril, Transposição da Directiva Aves (79/409/CEE de 2 de Abril) - Anexo I e Espécie de Conservação Prioritária no espaço europeu.
Convenção de Berna - Anexo II
Convenção de Bona – Anexo II
CITES – Anexo II/C1
Estatuto Fenológico
Residente.Caracterização morfológica:
![]() | ![]() |
![]() | ![]() |
Em voo as águias de Bonelli adultas podem confundir-se com outras aves com plumagem branca (ou claro) no ventre como a Águia-calçada ou a Águia-cobreira. A identificação faz-se sobretudo pela detecção do contraste entre o branco do ventre e o negro das asas, muito nítido na Águia de Bonelli, mas também pela mancha branca dorsal e observação do aspecto mais pesado do voo, planando em círculos comparativamente mais abertos e lentos.A grandes distancias a sua silhueta distingue-se da Águia-real pelo facto de ter a ponta das asas ligeiramente dobrada para baixo (contrariamente à A. real).
Distribuição mundial:
A nível Europeu tem sido assinalada uma drástica redução da população em diversas regiões nomeadamente França e na metade norte da Península Ibérica.
Distribuição e situação populacional em Portugal:
Em Portugal a população apresenta duas tendências demográficas distintas, no norte e centro litoral tem vindo a regredir apresentando parâmetros reprodutores muito baixos. Enquanto que no centro interior, Alentejo e Algarve apresenta alguma estabilidade com parâmetros reprodutores normais, e inclusive em algumas zonas tem sido detectado a instalação de novos casais.
A população nacional nidificante foi recenseada em 1999 e corresponde a 77-80 casais, que se encontram distribuídos pelos seguintes núcleos: Bacia do Douro – 30 casais, Estremadura - 4 casais, Bacia do Tejo – 8-10 casais, Bacias do Sado e Guadiana – 11 casais e Serras do Sudoeste – 24 casais.
Áreas importantes para aves onde ocorre a Águia de Bonelli:
TZPE0037 - Rios Sabôr e Maçãs
PTZPE0038 - Douro Internacional e Vale do Rio Águeda
PTZPE0039 - Vale do Côa
PTZPE0042 - Tejo Internacional, Erges e Ponsul
PTZPE0045 - Moura/Mourão/Barrancos
PTZPE0047 - Vale do Guadiana
PTZPE00xx – Campo Maior
PTZPE0046 – Castro Verde
PTZPE00xx – Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
Outras áreas importantes para a espécie são:
- Parque Natural de Sintra-Cascais
- Sitio da Serra de São Mamede
- Parque Natural da Serra Arrábida
- Sitio de Monchique
- Sitio de Caldeirão
Ecologia:
![]() | ![]() |
Alimenta-se sobretudo de mamíferos de médio porte ( Coelho-bravo) e aves (Perdiz-vermelha e columbiformes), com menor frequência de répteis. Caça normalmente sozinha podendo também fazê-lo em pares.
![]() |
Os seus habitats de alimentação preferenciais no nosso país correspondem essencialmente a formações pré florestais de diferente composição e estrutura (matos esparsos, matagais mediterrâneos e bosques abertos), mas também outro tipo de habitats dependendo da disponibilidade de presas (montados de sobro e azinho, olivais, orlas de bosques). Dada a especialização na predação de aves, nomeadamente columbiformes, também explora zonas peri-urbanas, falésias litorais e escarpas montanhosas. Fora da época de nidificação recorre também a zonas húmidas, habitats estepários e outros associados a zonas de relevo suave.
Ameaças:
- A perseguição humana através do abate a tiro e da utilização de iscos envenenados, motivada por conflitos associados ao seu comportamento predatório, constitui um importante factor de mortalidade desta espécie.
- A rarefacção das populações de Coelho-bravo provocado pelas epizootias mixomatose e pneumonia viral hemorrágica.
- O abandono e alteração de diversas práticas agro-pecuárias tradicionais, caso da cerealicultura, pastoreio extensivo, pombais tradicionais conduzem a uma diminuição das populações de presas.
- O desaparecimento das práticas agro-pecuárias tradicionais – abandono dos pombais no Nordeste (Foto António Monteiro)
- A perturbação humana em zonas de nidificação e durante os períodos mais sensíveis, provocada por actividades agro-silvicolas, actividades cinegéticas, turismo e lazer, conduz a um abaixamento da produtividade da população.
- Os incêndios florestais assumem forte impacte sobre a população devido à perda de habitat em especial nos núcleos nidificantes do sul do pais onde a espécie nidifica em árvores.
- A degradação dos habitats de nidificação e/ou alimentação devido à construção de infra-estruturas (barragens, parques eólicos, estradas), instalação de regadios, produção florestal, actividade de extracção de inertes. )
- A falta de sensibilidade ambiental por parte de alguns sectores da população rural, como caçadores, criadores de gado, columbófilos, gestores florestais, que vêem nesta espécie um certo entrave para algumas actividades é a causa de conflitos que levam à perseguição da espécie.
- A falta de conhecimento acerca dos processos da biologia e ecologia da espécie e dos seus factores de ameaça, tem acarretado problemas em termos de selecção e aplicação das mais adequadas estratégias de conservação.
Aves Rupículas:
Por aves rupícolas consideram-se todas as espécies que utilizam substractos rochosos naturais, regularmente, para nidificar. Em Portugal, os biótopos rupícolas incluem os afloramentos rochosos escarpados, localizados ao longo dos vales encaixados, cerros, cumeadas e cristas montanhosas, falésia marinhas e formações decorrentes da geomorfologia e erosão cársicas.
![]() | ![]() | ![]() |
Grifos | Águia de Bonelli (Ilustração Parque natural de Arribes del Duero) | Águia-real |
![]() | ![]() | ![]() |
Britango | Falcão-peregrino | Cegonha-preta |
![]() | ||
Bufo-real |
Efectivos e Distribuição de Especies
(unidade em número de casais reprodutores)PNDI / ZPE DIVRA * (2003) | PNM /ZPE MN (2003) | ZPE RSM (1997) | ZPE VC (2003) | Outras áreas (1997) | Total | ||
Cegonha-preta | Ciconia nigra | 14 | 1 | 3 - 4 | 1 | 0 | 19-20 |
Britango | Neophron percnopterus | 81 | 0 | 13 | 5 | 2 | 101 |
Grifo | Gyps fulvus | 302 | 0 | 0 | 20 | 0 | 322 |
Águia-real | Aquila chrysaetus | 21 | 4 | 14-16 | 4 | 3 | 46-48 |
Águia de Bonelli | Hieraaetus fasciatus | 10 | 0 | 7 | 2 | 24 | |
Falcão-peregrino | Falco peregrinus | 10-15 | 1 | 0 | 0 | 10-20 | |
Bufo-real | Bubo bubo | 15-25 | ?? | ?? | 3-5 | ?? | + 18 |
Andorinhão-real | Apus melba | + 100 | 0 | ?? | +10 | ?? | + 110 |
Gralha-de-bico-vermelho | Pyrrhocorax pyrrhocorax | 50-100 | 0 | 0 | 0 | 0 | 50-100 |
PNDI – Parque natural do Douro Internacional
ZPDIVRA – Zona de Protecção Especial do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda
PNM – Parque Natural de Montesinho
ZPE MN– Zona de Protecção Especial de Montesinho/Nogueira
ZPE RSM - Zona de Protecção Especial dos Rios Sabor e Maças
ZPE VC - Zona de Protecção Especial do Vale do Côa